domingo, 12 de agosto de 2012



Eu nem sei por onde começar porque fui deixando o tempo passar e agora idéias que antes eram claras e organizadas estão bem misturadas na minha cabeça.

Eu estava tentando meditar mas acabei tendo uma simulação de diálogo como se o meu namorado estivesse aqui. Estava tentando fazer ele entender o que sinto e como fiquei triste de ver ele me chamar a atenção por eu estar muito magra.

Estava tentando explicar para ele que minha decisão em me tratar de uma forma alternativa é baseada em estudos que venho fazendo a algum tempo, nos conceitos da física quântica, as experiências de pessoas que tiveram uma cura espontânea, o efeito Isaias, curas com energias, Reik, Magnified Healing, Light, o Sanjeevini e principalmente,  e é a que me dá fé de que tudo isso está funcionamento: o tratamento espiritual e a confiança que tenho nas  Entidades da Casa Dom Inácio em Abadiânia.

Eu sei que o comentário dele está baseado na preocupação que  tem com a minha saúde. Quero crer que apesar da postura desapegada, no fundo ele teme por minha vida. Mas ele coloca de uma forma como se eu não fosse mais a mulher bonita que ele começou a namorar e fala num tom de reclamação. Cheguei a dizer para ele ir ao PROCON fazer uma reclamação.

Eu sei que talvez eu ainda possa ser mais cautelosa com a alimentação, talvez eu tenha sido radical demais cortando certos alimentos, talvez eu reveja isso. O comentário dele pode colaborar no meu tratamento e eu não desprezo isso.

Mas o que eu gostaria que ele enxergasse era a mulher que eu estou sendo, uma mulher que está se tratando de uma doença tida como algo assustador para a grande maioria das mulheres, e me assustou muito no início, que está vivendo isso sem o apoio da família porque todos iriam querer que eu já estivesse sobre os cuidados médicos tradicionais. Que continua indo para o trabalho todos os dias normalmente.

Uma mulher que, mesmo que movida pelo medo e recusa de passar por uma mutilação e os efeitos colaterais de um  tratamento agressivo, acredita que pode ser diferente, ou seja não foi o medo somente que a levou para este caminho, mas a descrença em um sistema médico que visa o lucro em detrimento do sofrimento de milhões de pessoas, que despreza os aspectos integrais do Ser Humano e o vê como uma máquina, que funciona com suas engrenagens previsíveis e não querem abrir mão de anos de estudos baseados nisso e considerar uma abordagem mais humana e natural.

Uma mulher que teve a força de vontade de cortar tudo que mais gostava de comer, açúcares, bolos, massas, queijos, café, chocolates, pães.... que viaja toda semana para um tratamento espiritual por pura fé e também por sentir um imenso amor e respeito por todas as pessoas que também estão lá pelos mesmos motivos. Uma mulher que dorme toda noite envolvida em argila, com o desconforto que tudo isso gera. Que tomas chás com o gosto horrível, que dá vontade de soltar uma palavrão mas ao invés disso dá graças a Deus.  Que abriu mão de uma gratificação no trabalho para evitar o estresse, mas que não deixa de ser uma boa mãe, presente e cuidadosa e uma companheira sempre disponível.

Mas uma mulher que gostaria de estar tendo o carinho e a compreensão do seu companheiro. Que ele buscasse ouvi-la e entendê-la, e sobre tudo, apoiando esta decisão. Uma mulher que, ao mesmo tempo que escreve estas linhas,  justifica o comportamento  dele, tentando amenizar, porque não quer mais cair na tendência de julgar as pessoas. Que está tentando exercitar a sua aceitação e desapego, seu amor incondicional. Que vê os outros como um espelho que reflete suas próprias “imperfeições” (uso este termo por falta de outro no momento) mas na verdade  sabe que somos perfeitos por Herança Divina.

E todos estes sentimentos são muito contraditórios porque é uma mulher que quer ser emocionalmente independente. Que sabe que não pode depositar sua felicidade e bem estar emocional em outra pessoa. Mas ainda assim queria um ombro para por a cabeça, um colinho vez ou outra, um abraço aconchegante.
Sabe que seu companheiro também passa por dificuldades  de saúde e financeiras e que ele lida com isso de forma totalmente diferente dela, mantendo ela distante. Na verdade olhando de fora não dá nem pra saber o  porque de ainda estarem juntos. Este será outro capítulo a parte.